terça-feira, 6 de setembro de 2011

Análise de estilo: Nissan March


nissan march analise estilo 1 Análise de estilo: Nissan March
A última análise que fizemos aqui no NA foi sobre um carro mundial, o Chevrolet Cruze. Esta também é sobre um carro mundial, de importância ímpar para a Nissan. Ele foi um dos responsáveis, ao longo de sua história, por colocar a Nissan no mapa em um dos mercados mais importantes do mundo, a Europa. Lá era chamado pelo sugestivo nome Micra, bem apropriado a um citadino.
Nós já o tivemos por aqui, mas não era chamado March e sim Micra. Foram importadas pouquíssimas unidades em 94 e 95, seja por importadores independentes, seja pela própria Nissan, querendo aproveitar o boom de consumo ocorrido após o plano Real. Mas para a grande maioria, ele é um ilustre desconhecido. E é com este carro que a Nissan quer entrar pesado na maior fatia do mercado brasileiro a dos hatchs pequenos.
Logo de cara nos deparamos com “olhos arregalados” em um corpo pequeno. Não é um carro inovador em seu desenho, mas tem um projeto bem desenvolvido. Seu projeto levou em conta duas diretrizes. Uso de menos peças e leveza no material. Com linhas simples e materiais idem, o March foi criado para ocupar novos mercados e ainda lembrar o seu antecessor, que é um ícone de design para a Nissan, embora um tanto delicado nas linhas.
nissan march analise estilo 2 Análise de estilo: Nissan March
Sua frente, além dos enormes faróis monoparábolas (item mais barato que o duplo refletor), mostra o uso de um enorme para-choque, que engloba a grade. Este item já demonstra algo que estará presente em todo o carro e que teve como preocupações principais, leveza e menor uso de peças.
Os faróis, apesar de grandes, não incomodam. Eles são bem inseridos no contexto. Ganham ajuda de dois itens importantes, neste caso. O primeiro é o vinco no capô que sai da base do para-brisa e o envolve chegando até a grade, mas de forma côncava neste caso. Assim, o tamanho do farol passa a não ser o único item nesta composição a chamar nossa atenção, mas o jogo de luz e sombra que os discretos vincos criam.
Isso mostra que faróis grandes podem sim ser bem colocados, algo que não acontece com o Agile, por exemplo. Por outro lado, como exemplo de bom emprego de faróis grandes combinados a vincos, temos o Renault Sandero. Apesar de enormes faróis monoparábolas, ele usa o recurso de vincos discretos emoldurando-os e ainda combinando-os com a grade. Com a última reestilização, porém, este recurso foi minimizado.
nissan march analise estilo 3 Análise de estilo: Nissan March
Outro item da dianteira que merece destaque é o par de vincos no meio do capô, que acaba por emoldurar a logomarca terminando em um pequeno “nariz”. Fazendo um pequeno exercício mental, vamos imaginar a frente sem este pequeno detalhe. Certamente ela seria mais monótona.
Por fim, a grade superior pequena com um pequeno detalhe cromado, para passar alguma ideia de requinte, e a inferior de tamanho maior, mas que, por ser pintada de preto e por carregar consigo a placa, não parece tão grande.
Percorrendo as linhas, seguindo para a lateral, encontramos mais linhas simples, que trazem a memória (não nossa, mas dos mercados que o tinham) traços de seu antecessor. O caimento do arco das janelas traseiras é praticamente idêntico ao antigo March. Porém. Com o intuito de garantir mais espaço para os ocupantes do banco traseiro, sempre ocupados em mercados emergentes (algo que este projeto levou muito em conta), partiu-se para uma solução não muito usual.
nissan march analise estilo 4 Análise de estilo: Nissan March
Se por um lado os arcos das portas traseiras são caídos, assim como a coluna traseira, o teto permaneceu alto. Como combina-los? Os projetistas usaram então como solução um vinco de transição e a linha de cintura para emoldurar tudo.
O vinco de transição está acima do arco das portas traseiras e abaixo da linha da capota. Ele está em um ângulo menor que os arcos, mas maior que o ângulo raso do teto. Assim, quando percorremos os olhos sobre esta parte, há uma “escala” entre um e outro. Isto torna a transição mais suave.
Outro item que ajuda a combiná-los é o fato de haver, lateralmente, dois ângulos inclinados e dois rasos. Os ângulos inclinados (portas traseiras e ângulo de transição) são emoldurados por dois ângulos rasos, formados pela capota e pela linha de cintura. É uma forma de combinação de forma que não nos passa tanta estranheza.
nissan march analise estilo 5 Análise de estilo: Nissan March
A linha de cintura se prolongando um pouco mais na parte traseira traz o interessante efeito, quando vemos o March em três quartos de frente, de espécie de rabeta. Isso somado ao fato de termos arcos de portas traseiras caídos e não enxergarmos, neste ângulo, o teto alto, sugere algo como um sedã pequeno ou até mesmo um “cupezinho”. Este detalhe é a parte mais interessante do pequeno Nissan.
Por fim, podemos observar nas fotos que o final do teto é um pouco mais alto que o restante dele, visando abrigar com maior conforto os ocupantes do banco traseiro. Isso acabou exigindo dois arcos estampados no teto, certamente para não gerar turbulências devido ao formato mais alto, melhorando a aerodinâmica e o ruído.
Chegando a traseira, graças o vinco na linha de cintura, podemos observar lanternas de orientação vertical, mas que são bem inseridas e não fazem o carro parecer alto e estreito. Primeiro porque ele é um dos pequenos com maior largura entre os concorrentes (1,665m), equiparando-se ao 207 e perdendo para o Sandero, com generosos 1,75m. Segundo porque os vincos fazem pequenos “ombros”, algo reforçado por serem continuados na tampa traseira.
nissan march analise estilo 6 Análise de estilo: Nissan March
A base do vidro traseiro, em um discreto “V”, foi a forma encontrada pelos designers para não deixar o vidro traseiro grande, que apesar de prático não é tão fácil de inseri-lo no desenho (vide Kia Picanto), nem tão pequeno, seguindo a linha de cintura dos vidros laterais. A diferença pode parecer pequena, mas ajuda, principalmente se pensarmos que o limpador do vidro traseiro, que pode atrapalhar a visão, também pode ser rebaixado.
O para-choque traseiro, também de grandes proporções, abriga a placa de licença e assim como os dianteiros, tem dois pequenos frisos, que ajudam a protegê-los e diminuem a área visual. Estes frisos são bem parecidos com os que existem na traseira do i30, por exemplo, que cumprem a mesma função.
Passando para o interior, mais uma vez vemos um painel simétrico, que ajuda na exportação para outros países. Painéis de instrumentos agrupados em uma meia lua, combinando instrumentos analógicos e digitais, também não mostram qualquer novidade. Apesar do duplo Air-Bag, existe um prático segundo porta-luvas preenchendo o espaço vazio a frente do passageiro da frente.
Micraantigo Análise de estilo: Nissan March
O retorno do March (na verdade uma estreia) ao Brasil, por fim, não traz muitas novidades ao mercado, mas nem de longe pode ser ignorado pelos concorrentes. Carros simples mas equilibrados são sempre bem vindos e bem aceitos (vide Renault Sandero). Cabe agora a Nissan usar as armas certas para torna-lo um protagonista neste cenário. Armas que conhecemos bem. Qualidade de projeto e bom preço.
O primeiro item já vimos que ele tem. Vamos aguardar o segundo.

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