terça-feira, 14 de junho de 2011

SUVs, crossovers e minivans substituem de fato as peruas?

mercedes benz classe c perua 2008 1 SUVs, crossovers e minivans substituem de fato as peruas?
Station Wagon (SW), Touring, Combi, Variant, Weekend, State, Break, Caravan, entre outras, são maneiras de se referir à versão familiar de um modelo de automóvel. Embora sejam muitos os “sobrenomes”, aqui no Brasil o que pegou mesmo foi o apelido carinhoso de “perua”.
Ninguém sabe ao certo o porquê, mas uma das especulações diz que é devido ao fato deste tipo de carro ter caído no gosto das mulheres, devido à versatilidade, ao bom porta-malas, aos bancos reclináveis, ao bom espaço interno e ao status conferido à motorista – em geral mãe de família, com bom poder aquisitivo e bem vestida e maquiada.
“Nicknames” à parte, o fato é que o clube dos compradores desse tipo de carro está cada vez mais reduzido. Creio que basicamente dois fatores foram responsáveis por isso. Primeiro: à medida que o design dos sedans e hatchbacks foi sendo aprimorado, permitindo abertura total da tampa, melhor aproveitamento de espaço interno e bancos reclináveis de várias maneiras, as peruas foram ficando menos atrativas aos olhos do consumidor.
Em segundo lugar: chegaram as minivans como Renault Scénic, Citroёn Xsara Picasso e Chevrolet Zafira e em seguida as ainda menores Chevrolet Meriva, Fiat Idea e o queridinho Honda Fit. E também algumas importadas como Kia Carens e Kia Carnival.
Somado a isso, uma febre mundial iniciada nos Estados Unidos com Jeep Cherokee e Ford Explorer, iniciando a era SUV (Sport Utility Vehicle), tornou a vida das peruas difícil não apenas no Brasil. A melhor parte das minhas memórias pessoais aconteceram dentro de uma perua! Incluindo Kombi, que meu pai usava para trabalhar, passando pela Ilustríssima e Excelentíssima Senhora Chevrolet Opala Caravan. Todas Comodoro!
Foram viagens inesquecíveis em família nos anos 80, com 6 pessoas à bordo e muita bagagem. Em geral íamos à praia ou a Goiás, em Caldas Novas, onde estão as águas termais. Chegando a estes locais, muitas vezes fazíamos amizade com crianças locais e estas juntavam-se a nós no porta-malas, felizes da vida, para passeios mais distantes pela região.
Com os olhos marejados, confesso, vem um filme alegre à mente e uma gratidão à então jovem senhora Caravan que resistiria até 1992 com algumas cirurgias plásticas à la Pitanguy, que mantiveram sua beleza madura e sua dignidade até seus últimos dias! Embora substituída pela Omega Suprema, excelente carro também, deixou saudades e mantém uma legião de admiradores que até hoje as têm em casa ou pagam bons valores para ter uma em excelente estado.
Se for 4.1/S com 6 cilindros em linha, vale ainda mais! Belinas e Paratis, com menos charme, presença e glamour também estiveram presentes nas minhas memórias. Atualmente, no Brasil, contamos com poucas opções de peruas entre nacionais e importadas. Geralmente pequenas e médias.
As mais vistas são Palio Weekend, VW SpaceFox, Peugeot 207 SW e Renault Megane Grand Tour, com motores 1.4 e 1.6. Num patamar mais alto, encontramos a boa e bonita Jetta Variant 2.5 com 5 cilindros, que completa extrapola os R$ 100 mil. E Passat Variant acima dos R$ 120 mil.
Com bom custo-benefício e uma motorização de bom tamanho, aparece a Hyundai i30 CW 2.0 16v com 145 cavalos que pode ser encontrada em promoções com preços abaixo dos R$ 60 mil. É rara de ser vista e deve mudar em breve junto com o hatch i30. É interessante lembrar que todas as opções acima tem tração dianteira.
Raras são, inclusive no mundo todo, as stations com tração traseira hoje em dia. Duas das sobreviventes, além das Touring BMW e Mercedes, claro, são uma versão SportWagon do Omega importado, oferecida na Austrália com motores V6 e V8 e a Cadillac CTS Wagon. A Chrysler 300C Wagon se foi. Boa notícia é que a Jaguar deve lançar sua versão SW do XF em breve.
Na Europa as peruas ainda são adoradas e até veneradas. Tem para todos os gostos e todos os bolsos. Existe Opel Astra e Insignia em versão Caravan, bem como Focus e Mondeo SW. A VW, por sua vez oferece a Golf Variant (que aqui é Jetta) e suas subsidiárias Seat e Skoda também tem as suas stations. Há as luxuosas e até esportivas da BMW, Audi, Mercedes, Volvo e SAAB.
Tivemos o privilégio de ter aqui no Brasil a Audi RS2 preparada pela Porsche, insana para a época! Espero que as novidades europeias continuem a chegar, como ainda chegam. E em patamares mais acessíveis, torço para que a Ford nos brinde com a Focus SW 2013 da nova geração.
Como purista e tradicionalista que sou, creio que os SUVs não substituem as stations. Em versatilidade até se equivalem e os SUVs estão mais bonitos e menores, mas com exceção dos SUVs caros, como BMW X3 e X5, Volvo XC 60 e XC90, Porsche Cayenne e VW Touareg e Tiguan, a estabilidade desse tipo de carro é bem pior, devido à altura, que faz com que o centro de gravidade seja muito alto e alguns se dobrem inteiros nas curvas.
Respostas ao volante também são diferentes, bem como distribuição de peso e outros fatores dinâmicos. O mesmo vale para os Crossovers, que são carros altos, com plataforma derivada de automóvel e sem grandes pretensões fora-de-estrada (Dodge Journey, Peugeot 3008 e Volvo XC60). Estou com as peruas e não abro!
E qual sua opinião? Você acredita que as minivans como Nissan Livina e Citroёn linha Picasso, os SUVs como EcoSport, Tucson e Hilux SW4 e Crossovers como os citados acima, realmente substituem as peruas? Ou parcialmente? Ou não substituem de jeito nenhum?
Se há gostos diferentes, por que peruas, SUVs e crossovers não podem conviver em harmonia? Afinal, uns podem amar as peruas, outros as esportivas e alguns as executivas, não é mesmo?

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