domingo, 12 de junho de 2011

Aceleramos o novo Citroën C3 que chega no ano que vem
Hatch terá a base do C3 Picasso com estilo arrojado para se aproximar do público masculino





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Citroën C3: linhas mais arrojadas com um toque de esportividade diferem bastante da geração atual, com formas arredondadas
É bem incomum a estratégia da Citroën para a família C3, pelo menos no Brasil. O normal é o hatch ser lançado e depois começarem a surgir seus derivados. Aqui, a nova plataforma estreou com o aventureiro AirCross, seguiu com a minivan C3 Picasso, que acaba de chegar às lojas, e fechará o ciclo com o novo C3. Ele começa a ser produzido em Porto Real (RJ) no ano que vem. Por isso, fomos até a França avaliar a novidade. E acabamos rodando quase mil quilômetros com a versão 1.4 8V, de 75 cv.
Antes de mostrar em que o C3 evoluiu, vale ressaltar que o modelo produzido no Brasil terá algumas diferenças em relação ao que é vendido hoje na Europa. Mas voltaremos a esse tema mais adiante. Começando pelo visual, ele ficou mais arrojado que o atual. A impressão é que a marca pretende atrair mais compradores do público masculino, sem perder a preferência que a primeira geração tem entre as mulheres. Por isso as formas ficaram menos arredondadas. A grade bocuda invade o para-choque e tenta dar ao hatch uma “fama de mau”. Os faróis ficaram mais amplos, com a parte superior avançando sobre o capô. Não há mais tomada de ar entre os faróis; só lataria e o emblema dos dois chevrons.
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Traseira segue o apelo esportivo do resto do carro e inclui lanternas invadindo parte da tampa do porta-malas
Lateralmente, a evolução é ainda mais sensível. Para começar, o hatch ficou 9 cm mais longo, o que permitiu aos projetistas reduzir o efeito de arco que existia no teto do modelo anterior. Com isso, o para-brisa do novo não é tão abaulado, evitando algumas leves distorções de visão que se verificam no C3 ainda produzido no Brasil. As portas traseiras estão visivelmente maiores, facilitando a entrada e saída dos passageiros. Um vinco estreito percorre a linha das maçanetas, enquanto outro, mais largo, enfeita a parte inferior das quatro portas.
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Volante cm base achatada é o mesmo do C3 Picasso
Mas é olhando de trás que o carro fica irreconhecível para quem se acostumou com a geração anterior. As lanternas triangulares e altas deram lugar a formas retangulares, com um prolongamento superior que invade a tampa do porta-malas. E a placa desceu da tampa para o para-choque, deixando o visual mais limpo e moderno. Falando em porta-malas, ele ficou um pouco menor – levava 305 litros, agora leva 300 l. Ainda é um dos melhores do segmento, mas tem a boca muito alta. Como minha mala era bem pesada, exigiu um esforço extra para chegar até a base da tampa. E, depois, outro para acomodar no piso, que é fundo – outra opção é largar e torcer para não quebrar nada.

No conjunto, o novo C3 está mais bonito e deverá dar um fôlego ao modelo que foi lançado aqui em 2003 e teve um levíssimo facelift em 2008. Rodando, não se notam tantas evoluções assim. O mais nítido é a melhoria na estabilidade, muito em função do alargamento do carro em quase 7 cm, além do maior comprimento. Com isso, a estabilidade melhorou, mesmo que a altura não tenha mudado. Nas curvas à beira do rio Loire (região com infindáveis castelos ao sul de Paris), o carro transmitiu segurança, mesmo em velocidades mais altas. E a direção elétrica é precisa, além de muito leve em manobras de estacionamento.

O motor da unidade alugada era o 1.4 8V de 75 cv, mais fraco que o 1.4 flex brasileiro, de 82 cv. Em compensação, com o uso de materiais mais modernos, o novo C3 ficou 60 kg mais leve. Com a boa gasolina francesa, o carro responde bem na cidade e oferece agilidade quando solicitado. Mas, na estrada, o motor trabalha a um giro muito elevado e não passa confiança para ultrapassagens em pistas de mão dupla. Além disso, sofre um pouco em subidas. Seria pior se o ar estivesse ligado – não foi necessário, pois estava em pleno inverno europeu.0
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Acabamento caprichado na versão topo de linha com bancos dotados de largos apoios laterais
Além desse motor, o novo C3 tem na Europa opções 1.1 de 60 cv, 1.4 16V de 95 cv e 1.6 16V de 120 cv, sem falar nas versões a diesel. No Brasil, ele terá os mesmos 1.4 Flex e 1.6 16V Flex (113 cv) do atual, provavelmente com alguns aperfeiçoamentos.
O modelo brasileiro, conhecido internamente como Ai51, também terá mudanças no desenho dianteiro, segundo fornecedores de peças: a grade será igual à do AirCross, com os contornos cromados se juntando para formar o logotipo da marca. Já o para-choque será semelhante ao da versão esportiva DS3, com apenas uma mudança: a posição das DRL (Day Running Lights). Sim, o C3 vai chegar aqui com essa tecnologia, que mantém luzes da frente (mais fracas que os faróis baixos) acesas enquanto o carro estiver ligado. Esse item será obrigatório na Europa a partir do ano que vem, e a Citroën vai oferecê-lo também no Mercosul.
O interior pouco evoluiu em termos de espaço, apesar de o carro ter crescido. A área lateral melhorou, mas pessoas altas ainda sofrem um pouco nos bancos traseiros com a falta de espaço para as pernas. O painel ficou bem melhor, abandonando o confuso modelo atual, em que tudo se concentra num único visor. Agora são três instrumentos circulares atrás do volante: os dois da esquerda analógicos (conta-giros e velocímetro) e o da direita digital, com funções de computador de bordo. O volante é idêntico ao usado hoje no AirCross, de ótima empunhadura e com regulagem de altura e profundidade. Aliás, o painel frontal no modelo nacional deverá ser igual ao do modelo aventureiro, com exceção do aparato off-road, obviamente. Economia de custos em escala de produção é fundamental para que o preço do C3 não suba.
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Teto panorâmico mantém o interior bem iluminado e com aspecto bem arejado, o que transmite a sensação de amplitude
A versão básica avaliada contava com um dispositivo para aromatizar o ambiente com fragrâncias, altamente dispensável. Mas não tinha entrada USB, a exemplo do atual C3 brasileiro – uma falha enorme nesses tempos “conectados”. Ao menos os botões dos vidros elétricos migraram do console para as portas. Os comandos do ar-condicionado têm boa ergonomia. Os do sistema de som são pequenos e ficam numa posição muito baixa, o que é amenizado por algumas funções realizadas por botões atrás do volante. 
A alavanca que regula a inclinação dos assentos dianteiros é mal localizada, perto da porta e de difícil regulagem (não é giratória). O porta-luvas ficou muito maior (leva 13 l e pode ser refrigerado), e sua tampa fica bem recuada, permitindo bom espaço para os joelhos do passageiro.
O nível de equipamentos é bom para a categoria. Ele vem de série com airbags frontais e laterais, ABS, ar digital, regulagem de altura do banco do motorista, etc. E a cada versão vai agregando mais itens, como kit multimídia, controlador de velocidade, faróis de neblina, controle de estabilidade e (a grande atração do modelo!) o enorme teto panorâmico, que infelizmente não deverá ser oferecido no C3 brasileiro. Se vale a pena esperar pela chegada do novo? Sem dúvida. Com quase uma década de estrada, o C3 atual implora por novidades. Não por acaso, a Citroën mantém suas vendas em alta à custa de incontáveis séries especiais.
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Silhueta lembra a do C3 atual, mas uma série de detalhes estéticos deixaram o novo modelo com aspecto mais sofisticado
O nosso C3 
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As fotos desta reportagem são de divulgação e mostram a versão topo de linha, com seu vistoso teto panorâmico. Mas o C3 avaliado foi esse vermelho, alugado, versão intermediária, mais próximo do que será vendido no Brasil. O roteiro de ida e volta a Paris (quase mil km) incluiu cidades turísticas do Vale do Loire, como Blois, Chambord, Tours e Saumur. 

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