terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sinta-se seguro sem seguro


jetta 2008 Sinta se seguro sem seguro
O seguro de automóveis é talvez o tipo de seguro mais feito pelos brasileiros. Poucas vezes alguém com uma renda suficiente para comprar um carro 0km o dispensa. Fazer o seguro do veículo virou praticamente um costume e poucas pessoas acabam pensando no benefício real do que estão fazendo. É como se a insegurança do “E SE?” dos potenciais consumidores, influenciasse muito as mentes (brecha muito explorada pelas seguradoras, aliás).
Por meio deste texto, não tenho como objetivo tentar lhe convencer a não fazer seguro, tampouco dizer que o que foi feito foi errado, uma vez que as necessidades são INDIVIDUAIS. O objetivo é apenas colocar o questionamento; permita-se refletir sobre o assunto.
Para iniciar a auto-análise (com perdão pelo trocadilho), deve-se ter o foco nas probabilidades e confiar nelas. Quantas vezes o carro bate por ano? Quantos carros roubados/furtados você teve até o momento? Qual a média de gasto anual com reparo de peças por acidentes? Se acontece raramente, acredite na estatística que continuará assim (a não ser que se mude, passe a frequentar locais de maior risco, entre outros fatores que mudam a “rotina”).
A matemática – Exemplo 1
Analisando esses tópicos, pode-se chegar a conclusão que muitos brasileiros não precisam, de fato, de seguro, mas o fazem. Como quando se mexe no bolso, as pessoas entendem melhor, seguem alguns cálculos de exemplo básicos. Antes de seguir para o exemplo, lembre-se de que se trata de uma situação hipotética, com valores médios e com intuito de provocar reflexão. Não estou para discutir a precisão dos valores. Seguindo ao exemplo:
Considerando um carro popular, de aproximadamente 31 mil reais, em São Paulo, Zona Sul, sendo o motorista um homem de 35 anos casado. Nessas condições, considerarei que o seguro ficou em 6% do valor = 1860 reais.
Ficando com o carro por 4 anos, temos que foi gasto 7440 reais. Considere 7000 para facilitar e ainda como margem para redução do valor do seguro. Se fosse comprado agora, provavelmente seria modelo 2012, então o modelo equivalente de 4 anos é o de 2009.
Pela tabela FIPE, o Gol 2009 está valendo 25.982 reais. Considerando que fosse vendido para uma concessionária na troca por um novo e esta desse 15% abaixo da FIPE, você venderia o carro por 22.000 aproximadamente. Obviamente, se conseguir vender por conta própria a vantagem é indiscutível.
Como o novo sai por 31 mil, significa que você precisa de 9 mil reais para trocar pelo 0km. Se você não fizer o seguro, esses 7 mil ficam rendendo juros no banco. Considerando um dos menores investimentos, a poupança, e que ela renda 0,6% ao mês, ao passar de 4 anos os 7 mil serão 9328 reais.
Conclusão:
Se você não fez seguro e não teve nenhuma intercorrência nesses 4 anos, você consegue com aquele dinheiro trocar o carro e ainda lhe restaram 328 reais! Observe que nem adicionei o que seria gasto em franquia, entre outras coisas.
Supondo alguém que não conseguiria manter os 7 mil “intactos”, cabe o outro raciocínio (complementar ao de cima também): excluindo as revisões inevitáveis, há gasto de 1800 reais em peças anualmente? Supondo que em 1 ano você não precise consertar nada devido acidentes, você fica com um valor “acumulado” de 3720 reais (1860 x 2) para ser gasto em “imprevistos”.
Isso nem estou contando com os 520 reais que os 7 mil renderam na poupança em 1 ano, uma vez que supus alguém que não o mantivesse intacto. É possível observar que mesmo assim a pessoa acaba tendo uma boa reserva…
A matemática – Exemplo 2
Pegando como exemplo agora um carro de 65mil, mesmo perfil e que o seguro fique por 4% do valor do veículo. Temos que sairia por 2600 reais. Refazendo os cálculos anteriores e considerando como o usado sendo vendido para concessionária por 43mil, teríamos que:
Total investido em seguro em 4 anos: 10400 ; considerando 10mil reais
Total necessário para trocar por um novo: 22mil
10 mil reais investidos na poupança por 4 anos: 13.326 reais
Diferença entre investido no seguro e necessário para troca: 22mil – 13.326 = 8674 reais
Fazendo aquele outro raciocínio secundário para esse carro de 65mil, observa-se que a margem para “acidentes” eventuais anuais é ainda maior. Afinal, qual a diferença entre pagar 2000 reais em uma peça para a concessionária ou pagar 2000 reais no ano para o seguro fazer esse pagamento? Observe que nem se foi considerado a franquia e o assunto de cobertura e condições para ter direito ao seguro…
A matemática para roubo e furto
Falando um pouco sobre a hipótese de roubo/furto. Considerando que uma pessoa, ao invés de pagar ao seguro, deposite o dinheiro que seria gasto em uma poupança separada.
No caso do veículo de 31 mil reais:
Caso haja roubo, supomos que o seguro pague a FIPE completa = aproximadamente 26mil reais. Como os 7 mil ficam rendendo juros e a cada 4 anos você deixa de investir mais 7 mil, fazendo as contas, após aproximadamente 10 anos você teria seu próprio seguro anti-roubo, ou seja, já teria acumulado aproximadamente 26mil reais. Com 12 anos você teria o poder de comprar outro carro igual ao roubado, 0km.
Veja as contas de 7 mil reais em um investimento a 0,6% ao mês:
rendendo por 12 anos: 16.526
rendendo por 8 anos: 12.430
rendendo por 4 anos: 9.328
Total acumulado: R$ 38.284
No caso do carro de 65 mil, 10 mil rendendo a 0,6% ao mês:
rendendo por 12 anos: 23.665
rendendo por 8 anos: 17.758
rendendo por 4 anos: 13.326
Total acumulado: R$ 54.749
Com mais 1 ano de rendimento sobre 54.749 e mais 2600 reais (que seria pago no seguro) , você teria R$ 61.423
Com mais 1 ano ainda, na sua conta teria: R$ 68.549
Ou seja, em 14 anos você possui seu próprio seguro anti-furto completo e ainda lhe sobram 3 mil reais para reparar uma batida.
Conclusão
Dez, doze anos parece muito tempo. Mas por quanto tempo pretende dirigir? Veja que você estaria livre de um gasto anual depois disso. Sacrificar 12 anos em benefício do resto de uma vida. Planejamento e disciplina são a alma: dinheiro que iria para o seguro, tem que ser guardado!
Não é dinheiro que sobrou… abra uma poupança separada para isso ; não conte com esse dinheiro para despesas corriqueiras. Aquela poupança é para o carro e ponto. Por que não escolher melhor o local para estacionar? Por que não ficar mais atento durante o trânsito? Por que não escolher melhor uma vaga (que o outro possa abrir a porta sem bater no seu carro)?
Parece papo do CFC, todavia isso envolve diretamente nossos interesses. Nada é mais seguro que a prudência e o bom senso. Não se esqueça:
E SE você não fizesse seguro automotivo?
Por Gustavo Henrique Bregagnollo

Nenhum comentário:

Postar um comentário