terça-feira, 1 de novembro de 2011

O risco cada vez maior do uso do celular ao volante


celular carro dirigindo O risco cada vez maior do uso do celular ao volante
A telefonia celular foi uma espetacular evolução da tecnologia. Uma invenção fruto da infinita inteligência humana, que se incorporou definitivamente aos nossos dias. Bilhões de pessoas no mundo não mais conseguiriam viver sem a companhia de um aparelho celular, de iPhones e iPads e tudo de mais sofisticado.
As pessoas, ao que parecem, querem viver mais conectadas. Com o mundo hiperconectado temos a possibilidade de falar, emitir ou receber mensagens de lugares mais longínquos, a qualquer momento, verificar extratos e saldos de contas bancárias, num simples tocar de telas num pequeno aparelho.
No entanto, essa maravilhosa invenção do homem também produziu um efeito colateral de extremo perigo no trânsito: quanto ao uso de tais aparelhos, cada vez mais sensíveis, e ao mesmo tempo conduzir um veículo.
Quem está com o celular ao ouvido, dirigindo com uma só das mãos, ou tocando em suas teclas ou telas, fatalmente tem a atenção reduzida no trânsito. Tal comportamento – infração média com perda de 4 pontos na carteira – tem sido causa de graves acidentes.
Segundo dados do Detran/RJ, somente no primeiro semestre do ano de 2008 foram lavradas, em todo o estado, 45 mil infrações pelo uso do celular ao volante, numa média de 7.500 infrações/ mês. No ano anterior haviam sido registradas 39 mil, comparativamente ao mesmo período considerado.
Note-se que estamos falando apenas de números de infrações que conseguiram ser flagradas por agentes de trânsito, o que significa dizer que estamos tratando apenas de números registrados, não da totalidade das infrações cometidas e vistas a olho nu pelos agentes.
Ressalte-se por exemplo que, segundo dados recentes do Detran/RJ, a frota de veículos somente no município do Rio passou de 2.217.703 em agosto de 2009, para 2.329.561 de 2010, o que siginifica dizer que são mais de 110 mil veículos circulando hoje em vias urbanas deste agosto do ano passado, sem contar a frota incorporada já este ano, fato que certamente faz crescer o uso do celular ao volante.
Em Brasília, nos primeiros seis meses deste ano, foram lavradas 24 mil infrações por dirigir falando ao celular, em média cerca de 133 por dia ou 5 por hora. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) revelou quanto tempo algumas atividades roubam da atenção do motorista.
Procurar um objeto na carteira, por exemplo, consome no mínimo três segundos. Sintonizar o rádio do carro pode levar mais tempo: quatro segundos. Digitar um número de telefone celular desconcentra o motorista por cinco segundos.
Ou seja, você percorre com o carro alguns metros, dependendo da velocidade desenvolvida, sem que preste a devida atenção ao que se passa a sua frente. Um grave risco. Um artigo publicado no New England Journal of Medicine faz uma alerta a respeito do uso do celular ao volante.
Os dados citados, referentes aos EUA, mostram a razão dessa preocupação: cerca de 28% dos acidentes de trânsito, num total de 1,6 milhão, estão associados ao uso do celular pelo motorista; falar ao celular enquanto se dirige resulta em riscos iguais aos que ocorre quando se dirige embriagado.
E ainda existe o problema do torpedo: digitar enquanto dirige aumenta em nada menos que 23 vezes o risco de acidentes. Outras pesquisas confirmam esta advertência. Por exemplo, verificou-se que os motoristas que falam ao celular levam 10% mais tempo para acionar os freios numa emergência.
“A questão é o fato de que falar ao celular desvia a atenção, e os desvios de atenção em geral são responsáveis por até 50% dos acidentes”, disse o médico Moacyr Scliar, especializado em saúde pública, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, falecido meses atrás, que afirmava que por todas essas razões os estudos impeliam que os médicos, ao falar sobre o estilo de vida de seus pacientes, alertasssem quanto ao risco do binômio celular-direção, da mesma forma que o fazem em ralação ao fumo, ao álcool, às demais drogas ou ao sedentarismo.
Conclui-se portanto, com base em estudos científicos, sobre o perigo de dirigir e falar ao celular. Evite esse risco. Se a comunicação for imprescindível estacione primeiramente o veículo num local seguro e permitido pelas regras de trânsito. Preserve a vida. Evite acidentes. Se dirigir não use o celular.
Milton Corrêa da Costa é Coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

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